Sou muito curioso para pesquisar diversos assuntos, e isso às vezes me atrapalha. Certamente não sou o único que sofre com esse excesso de estímulos, que normalmente leva à procrastinação. Entretanto, conforme comecei a aprimorar e aprofundar meu conhecimento sobre alguns assuntos, passei a ver relações muito claras entre áreas que antes pareciam desconexas.
Indo além, passei a ver que áreas não-óbvias poderiam ter influência, e ajudar de forma significativa, colegas de trabalho, conhecidos, amigos e familiares.
Então passei a encarar esse meu tempo de hobby, que é quando consumo conteúdos não-relacionados ao projeto que estou mergulhado no momento (vale destacar que, por ‘conteúdo’ não costumo separar muito o tipo de mídia como livro ou texto, TV, áudio ou podcasts, etc), para gerar um repertório de conhecimento.
Graças a uma certa facilidade para memorização, passei a ter meio que ‘catalogado’ itens relevantes nas áreas que tem maior sinergia com meu dia a dia, tanto no trabalho como em casa.
Não demorou para ver que às vezes, uma solução para um problema de algum conhecido vem de um trecho que você ouviu num podcast, leu num livro ou assistiu num documentário.
Mais do que simplesmente dizer “ouvi algo em tal lugar que pode colocar uma luz sobre esse assunto”, eu passei a resgatar o local exato onde isso aparecia e a compartilhar com a pessoa.
Isso porque aprendi um pouco sobre o peso do viés da autoridade: as pessoas são mais propensas a aceitar uma recomendação de alguém que é tido como especialista no assunto. Nada diferente do velho ditado que afirma que “santo de casa não faz milagre”.
Só que, conforme suas dicas e recomendações vão produzindo bons insights e bons resultados, você acaba assumindo o papel de curador das pessoas ao seu redor.
Organizando suas coleções de conhecimento
Para tornar o sentido dessa expressão mais tangível, imagine a figura de um curador de um museu. Ele tem ao seu dispor milhares de obras de arte, mas ele seleciona e organiza essas obras de acordo com um contexto, e as exibe de forma que façam sentido dentro do que é definido para aquela coleção ou exibição.
A lógica é a mesma, mas em vez de obras de arte, você está organizando e compartilhando informações valiosas. A curadoria de conteúdo é a prática de selecionar, organizar e compartilhar informações relevantes e significativas em meio a um mar de dados.
O primeiro passo para ser um curador de conteúdo eficaz é manter-se atento aos assuntos que realmente importam. Isso significa estar em sintonia com as tendências do seu setor, novas tecnologias e as mudanças no cenário global.
Acompanhar uma ampla variedade de tópicos permitirá que você se torne uma fonte confiável de informações valiosas, principalmente se você utiliza métodos os ferramentas para organizar isso, que podem variar de apps específicos (como Evernote, Raindrop, Notion, Pocket, OneNote, etc) a métodos bem menos sofisticados, como um grupo consigo mesmo ou mensagem para si mesmo no WhatsApp.
O verdadeiro divisor de águas da curadoria de conteúdo acontece quando você começa a conectar os pontos. Você não está apenas compartilhando informações isoladas, mas identificando padrões, tendências e insights que podem passar despercebidos para outros. Essa capacidade de conectar ideias e informações é inestimável em um ambiente empresarial.
Pense em quem impactar
Você pode ser uma metralhadora de conteúdo – mas isso é ineficaz. Você não quer ser o compartilhador compulsivo, que vira um spam no aplicativo de mensagem da sua rede de contatos. Então, pense na utilidade do conteúdo, e faça que o envio desse conteúdo parta de uma necessidade real da pessoa com quem você conversou e pense também em compartilhar esse conteúdo de forma espontânea, despretensiosa e generosa.
Você poderá beneficiar:
- Seu colegas – você terá uma visão mais ampla do negócio, principalmente se ouvir mais as dores dos seus pares, equipe e líderes. Quando você está determinado a compartilhar liberalmente conhecimento e conteúdo de qualidade que resolve as dores dos seus pares, você mostra interesse real em problemas que não são seus. Isso aumenta a confiança dentro da empresa, além do espírito de camaradagem e ajuda mútua. Além disso, você colabora para a solução mais ágil dos desafios corporativos. Quanto mais você se expõe aos desafios de outras áreas, mais chances você tem de agregar valor ao negócio e pensar em soluções inovadoras para si mesmo.
- Seus clientes – Imagine que você atua na área médica, talvez fornecendo um tipo específico de medicamento. Seu cliente comenta que está com um problema bem específico na organização de agendamentos de consultas e atendimento. Você se lembra que dia desses viu algum conteúdo sobre uma empresa de outro setor que revolucionou a experiência do cliente por implantar uma tecnologia específica na área de agendamento, notificação, check-in e jornada do cliente dentro da empresa. Você tem esse link salvo em algum lugar e o compartilha com a pessoa com o único interesse de ajudá-lo nesse desafio. Essa matéria pode gerar muitas soluções que podem fazer real diferença para esse seu cliente. E pense na percepção de interesse genuíno que uma ação simples assim pode gerar, e como isso pode impactar a maneira como esse seu cliente vai se lembrar positivamente de você. E isso não custou absolutamente nada.
Portanto, ser um curador de conteúdo vai além de apenas compartilhar informações. É uma maneira de transformar a maneira como você interage com o mundo ao seu redor. A curadoria de conteúdo permite que você seja uma fonte confiável de informações, promovendo uma cultura de aprendizado, inovação e colaboração.
Assim, ao promover a cultura de open-sourcing corporativo e o intraempreendedorismo, lembre-se de que a curadoria de conteúdo desempenha um papel fundamental. Esteja atento aos assuntos que importam, conecte os pontos e compartilhe informações valiosas. Dessa forma, você não apenas transformará seu próprio ambiente de trabalho, mas também inspirará outros a fazerem o mesmo.